domingo, 4 de setembro de 2011

SOLILÓQUIO


Por que queres viver a eternidade
Nessa terra onde todos os pesares
Montam com todo rigor
Em tuas costas?

Que adianta pensares que tem de ser longo
O que na verdade é breve,
Que se esvai a uma pancada só
No peito dolente de mágoa?

Pois que me deixem morrer!
Que a eternidade, se bem sei,
Está a muitas polegadas destes escárnios frios
Levitando n’outra dimensão
Num completo misticismo.

A passagem, eu muito sei, é dolorida
Porém, ser ciente da perda de tanto
Encantamento que oferece a vida
Não basta para aquietar o desejo inímico
De conhecer o que é divino.

Já que lamentas tanto
O quão a vida é efêmera,
Quando estiveres perto da partida
Dar-te-ei o que restar-me de vida

Mas, como oração ao meu
Inatingível espírito
Leia todos os dias, infinitamente
A história do mar, da vida, do riso, do menino.
                                                                                

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