quinta-feira, 10 de abril de 2014

CRIME PASSIONAL



Repouso aos olhos o esboço,
Os traços imperfeitos que és ainda,
Posto que ver-te não é rotina
Nem de comum beleza o teu rosto.

Recorro à memória, antes que aniquilado
Gravo, recorto, analiso um ângulo outro de prestígio,
Assim mesmo, mal assimilado, aceito:
És passível de registro!

Na tentativa urgente de eternizá-lo
Separei telas – sem abalo - , criei cores – poucas tintas –
Compenetrada (ar)risquei sem precisão:
Reduzi a beleza a infiéis linhas...

Tomei nota – pintar é tomar nota do que se vê –
Tomei tento, juízo e um Bordeaux
Aos pincéis, frustrados, que acusam meu delito
Lanço um olhar à la Frida, calo e só ferida.