quarta-feira, 14 de setembro de 2011

AMARELAR DAS CORES



Vejo-te hoje no lago, imersa,
Mas a pouco já havia sentido
Teus ares e o gélido toque
Que com discrição me acometeu.

Faz-me ver o quão és dona,
Traiçoeira em minha vida infame...
Tiras do papel o que ainda
Não fora cumprido, e enche-se de regozijo!

Quando nas tardes, de súbito me vens,
Tiras de ordem meus ofícios
E minha escrivaninha ocupas fétida,
Usando tua caneta cor de bronze.

E eu, como ampulheta, olho-te
Estática, sentindo cair minha terra
Em teus morros, até que venhas
Fazer refúgio em minhas formas...

Sinto-me em teus armários empoeirada
Embora ainda não me faça presente,
Pois já me és, morte, tão íntima
Que posso ver-me na calmaria de teu leito, indigente!

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