quarta-feira, 17 de agosto de 2011

TEMPO

                                             (Ao meu amável Pai)

Nas articulações destes ossos desgastados,
Nos movimentos prematuros causados pelos Janeiros,
Tua pele fina, tal como papiro,
Revela mais que anos vividos.

E os teus olhos tão abertos,
Sondam com cautela minhas horas
Como quem avalia ações errôneas,
Para advertir-me antes que eu as realize.

Não admires a pele macia de minhas mãos
Que ela é frágil como flor alva...
Quisera eu ter tuas rugas onde se esconde
O trabalho lavado de suor.

Tens a experiência marcada em teus calos
E deles eu só quero uma parcela,
Deixe que o resto eu conquiste caindo
Sobre a própria terra que te fez debilitado,

Para que na velhice eu tenha
A força que tens quando agarra
Com dedos rígidos meu ombro, e fala entre
Pausas informes que o tempo se fará em mim.















Nenhum comentário: