Se foi... Voou o
nosso amor
Para a cabeça das
colcheias
Da canção que já
não soa,
Porque nós é que
somos os músicos,
E recusamo-nos
continuar.
Foi embora...
Esbarrou na janela,
Deu a volta em
nossa sala com inocência,
Entristeceu-se com
a penúria do meu choro
E escorreu pela
saída de emergência.
Fomos felizes até
o final da linha...
Mas, será o fim da
linha esta linha que escrevo
Ou a linha do meu
vestido?
Alinhave-se em
mim,
Se a vida permitir
eu costuro!
Porém, enquanto
não encontramos a agulha,
Pegue tuas
ferramentas,
Aperte teus
botões!
Creio teus
parafusos estarem frouxos!
E pudera eu pensar
infeliz defeito,
Pois a criança que
tu fora um dia
Sumiu com a
rapidez de quando alguém apaga uma lâmpada
E logo acende para
procurar algo.
– Onde está? Não
sei!
Tua sensibilidade
foi embora.
És agora mais um
na classe do proletariado...
E te exploram e
devoram!
Tu? Aperta botões!
Tornaste uma
máquina.
O que não é tão
ruim pelos meus cálculos românticos:
Por teres muito o
que produzir
Nem tens tempo de
sentir minha falta!
Por isso e por
tudo e por tantos alguns “alguéns”
É que decido
salvar o que ainda me resta,
Pois tua
locomotiva de mil engrenagens
Não assimila o
amor...
E de tanto não
compreender
Ou esquecer que
compreende,
Meu amor fora
triturado
Derretido,
soldado, lustrado,
Embalado,
encaixotado e transportado
Para bem longe de
tu,
Que outrora soube
amar e fazer do nosso amor
Algo um pouco mais
belo que oficinas.
Mas eu não sofro
E até compreendo:
Talvez o
sacrifício por um amor imenso
Não seja tão doce
quanto a tua fábrica!
Um comentário:
Muito bom, JaiJai! Me tocou o coração.
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